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domingo, 31 de maio de 2009

Professores de SP aprovam greve para o dia 3 de junho

29/05/2009 - 17h03

Professores de SP aprovam greve para o dia 3 de junho
Ana Okada
Em São Paulo
Durante assembleia realizada nessa sexta-feira (29), os professores da rede estadual de São Paulo aprovaram greve para o dia 3 de junho. A reunião foi organizada pela Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo).

No mesmo dia será realizada audiência pública e assembleia da categoria na Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo), às 14h30, para a discussão dos projetos de Lei 19 e 20, que instituem novas regras para a contratação de professores e apresenta a criação de duas novas jornadas de trabalho. A categoria é contra a aprovação desses projetos e pede, dentre outras reivindicações, reajuste de 27,5% para a reposição de perdas ocorridas desde 1998.
Com bom humor, os docentes levaram fantasias e cartazes com referências aos recentes livros que foram destinados a alunos da 3ª série, que traziam conteúdo voltado a adolescentes. O secretário de educação do Estado, Paulo Renato Souza, afirmou que irá criar uma comissão de especialistas para avaliar cada obra. A manifestação teve também um boneco que ironizava o valor do vale alimentação dado aos docentes, chamado de "vale coxinha".
Segundo o sindicato, o protesto reuniu cerca de 5.000 docentes em frente à sede da Secretaria de Estado da Educação, localizada na Praça da República.

domingo, 24 de maio de 2009

Sete em cada dez professores têm baixa autoestima

Folha de São Paulo - Ribeirão - 24 de Maio de 2009

Num dos estudos de caso do grupo da USP de Ribeirão, os analisados foram os docentes. A professora de história Tatiana Thomaz fez pesquisa qualitativa com 50 professores da escola Dom Romeu Alberti, no Jardim José Sampaio Junior, que mostrou que 71% dos homens e 62% das mulheres disseram ter baixa autoestima.
Em algumas conversas, segundo o relatório, alguns disseram se achar a "escória da sociedade". Em outro relatório, sobre bullyng, Cláudia Regina Alves Bueno constatou que, de 77 estudantes entrevistados sobre a prática na Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Coronel Francisco Orlando, em Orlândia, 72,5% disseram ser vítimas da intimidação. De acordo com a pesquisa, 61% disseram sentir raiva ao serem xingados pelos colegas. Outros 15,5% afirmaram ter ficado tristes e outros 23,5%, indiferentes às agressões verbais.

USP aponta semelhança de escola com prisão em estudo

Folha de São Paulo - Ribeirão - 24 de Maio de 2009

Relatórios são de pesquisadores do Observatório da Violência do campus localNuma das escolas, a pesquisadora disse que a diretora negociava com alunos para que eles não depredassem a unidade
GEORGE ARAVANISDA FOLHA RIBEIRÃO Numa escola, a diretora tem de negociar com alunos para evitar depredações. Em outra, 72% dos estudantes dizem ser vítimas de bullyng. Em mais uma, 71% dos professores afirmam ter baixa autoestima.Os cenários constituem um retrato de escolas públicas da região feito pelo Observatório da Violência e Práticas Exemplares da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão.Entre 2007 e 2008, 30 pesquisadores associados ao Observatório, estudantes ou professores, analisaram e praticaram ações de intervenção nas unidades de ensino. Após a experiência, confeccionaram relatórios que serão reunidos num livro sobre violência nas escolas da região.Um dos casos, ocorrido na escola Professora Glete de Alcântara, no Parque Ribeirão Preto, na periferia da cidade, fez a pesquisadora Márcia Batista comparar o episódio a situações vividas em presídios.Quando iniciou o trabalho na escola, em 2007, a então diretora lhe disse que estava negociando com os alunos para amenizar as depredações constantes. Vidros, portas, cadeiras, tudo era quebrado com frequência pelos estudantes, que também furtavam a escola, segundo a diretora.""Estou indo de sala em sala para negociar com eles. Estou propondo que, se não quebrarem mais nenhum vidro, portas, banheiros, janelas, ou não levarem mais os fios de energia elétrica, cabos, torneiras, tomadas, lâmpadas e fusíveis, comprarei o aparelho de som que tanto querem ouvir no intervalo", relatou a então diretora, identificada apenas pelo primeiro nome, à pesquisadora do Observatório.As negociações tinham outras moedas de troca, de acordo com Batista. "Às vezes, ela oferecia fazer campeonatos, servir cachorro-quente em algum dia da semana." A pesquisadora disse ainda que a escola é como uma "panela de pressão". "Existe nervosismo crônico."O clima de tensão no ar pode ser a explicação para algumas depredações sem motivo, como uma relatada à Folha por uma funcionária, que pediu para não ser identificada. Segundo ela, anteontem um aluno quebrou o vidro do refeitório com um murro, sem motivos. A funcionária diz ter sido ameaçada de apanhar simplesmente por ter apontado para um estudante que jogava comida no teto.Alunos ouvidos dizem que as depredações são quase diárias. Para a dirigente de ensino Gertrudes Aparecida Ferreira, há "uma certa dose de exagero" (leia texto nesta página).A violência constante, no entanto, põe medo nas mães. A diarista Cláudia Santos, 36, tirou um filho de 11 anos e uma de 14 da escola este ano. O menino disse que já apanhou e que era ameaçado.O vereador e delegado Samuel Zanferdini (PMDB), que preside uma comissão sobre drogas nas escolas, disse que algumas mães até deixaram os filhos sem estudar, com medo de que fossem à Glete.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Ver site da ALANA

www.alana.org.br

ali se encontram materiais fantásticos com relação à criança e o consumismo infantil, entre outros.

Somos todos nós, mercadorias?

Alessandro de Melo

Criança, a alma do negócio (Brasil)

Gente
Este é um documentário imperdível, para compreendermos o consumismo e como a mídia trata a criança como o seu produto principal, meio para vender suas mercadorias.
Vejam!
Alessandro de Melo
Por que meu filho sempre me pede um brinquedo novo? Por que minha filha quer mais uma boneca se ela já tem uma caixa cheia de bonecas? Por que meu filho acha que precisa de mais um tênis? Por que eu comprei maquiagem para minha filha se ela só tem cinco anos? Por que meu filho sofre tanto se ele não tem o último modelo de um celular? Por que eu não consigo dizer não? Ele pede, eu compro e mesmo assim meu filho sempre quer mai. De onde vem este desejo constante de consumo?Este documentário reflete sobre estas questões e mostra como no Brasil a criança se tornou a alma do negócio para a publicidade. A indústria descobriu que é mais fácil convencer uma criança do que umn adulto, então, as crianças são bombardeadas por propagandas que estimulam o consumo e que falama diretamente com elas. O resultado disso é devastador: crianças que, aos cinco anos, já vão à escola totalmente maquiadas e deixaram de brincar de correr por causa de seus saltos altos; que sabem as marcas de todos os celulares mas não sabem o que é uma minhoca; que reconhecem as marcas de todos os salgadinhos mas não sabem os nomes de frutas e legumas. Num jogo desigual e desumano, os anunciantes ficam com o lucro enquanto as crianças arcam com o prejuízo de sua infância encurtada. Contundente, ousado e real este documentário escancara a perplexidade deste cenário, convidando você a refletir sobre seu papel dentro dele e sobre o futuro da infância.Direção Estela RennerProdução Executiva Marcos NistiMaria Farinha Produções
O documentário "Criança, a alma do negócio" está disponível nos links abaixo:
DVD original 2.6gb - documentário em formato iso para ser copiado em DVD.
AVI 700mb - documentário em formato avi para ser visto no computador (resolução 720x480).
MP4 196mb - documentário em formato mp4 compatível com iPod e computador (resolução 320x240) .
AVI 46mb - trailer do documentário em formato avi para ser visto no computador (resolução 320x240 )
MOBILES -
URL para acesso:http://www.alana.org.br/doc.3gp
http://www.alana.org.br/doc.mp4
Diretor: Estela RennerAno: 2008

domingo, 3 de maio de 2009

Um 1º de Maio contra a Precariedade do Trabalho

por João Camargo

O movimento internacional MayDay iniciou-se em Milão, no ano de 2001. Reune trabalhadores em condição precárias, fenómeno que se alastra devido à onda neoliberal que por todo o mundo se desencadeou sobre o Trabalho, A força da juventude desempregada e precária serviu de ignição para a disseminação deste tipo de organização. Esta une gente de todo tipo, idade e formação. Age através de assembleias públicas, onde é dada voz a todos os presentes — num processo decisório trabalhoso mas consensual. Actualmente o movimento MayDay está presente em Lisboa, Porto, Aachen, Berlim, Bremen, Copenhaga, Den Bosch, Genebra, Gent, Gornja Radgona, Hamburgo, Hanau, Helsínquia, Liége, Ljubljana, Madrid, Málaga, Maribor, Milão, Nápoles, Palermo, Terrassa, Tóquio, Tubingen, Viena e Zurique. Em Lisboa as manifestações do MayDay incluíram a invasão de um centro de emprego, o encerramento de empresas de trabalho temporário na área metropolitana e acções teatrais no centro da cidade. Além disso, este ano – pela terceira vez – o MayDay irá participar da manifestação da CGTP do 1º de Maio. No Porto, o ano de 2009 assinalará pela primeira vez a presença do MayDay nas manifestações do 1º de Maio. Em Coimbra e em Évora já houve acções relacionadas com a precariedade que se associaram ao nome Mayday. Entretanto, neste 1º de Maio não estão previstas manifestações organizadas. Dentre as "soluções" capitalistas para a crise, a precariedade tornou-se uma das mais importantes. Ela passou a ser uma arma do patronato contra os trabalhadores com contratos firmes. As ameaças são diárias. A torto e a direito a comunicação social faz bandeira da "flexibilidade" que, segundo ela, aumentaria a "competitividade". O jogo é histórico: atirar uns contra os outros na base, fazer despontar preconceitos e ideias forjadas, em favor de uma minoria que é cada vez mais parasítica e pretende re-estratificar solidamente as sociedades de todo o mundo. O CASO DOS CALL-CENTERS Os call-centers são muito representativos desta jovem precariedade, rejuvenescida, mascarada e imposta a toda uma geração. Nestes, o homem-ferramenta é a chave para a manutenção da riqueza nas mãos dos mesmos de sempre. Assim, há que precarizá-lo, no trabalho como na vida, retirar-lhe as alternativas e privá-lo da sua dignidade, sentimento inútil no mundo de capital. Nos dias de hoje, a especialização começa desde cedo. A triagem inicia-se na infância – são vedadas as oportunidades, marginalizadas comunidades, regiões e grupos de pessoas incómodas para o sistema. A padronização implica a escolha do futuro aos 15 anos, a privação de conhecimentos generalistas e de uma visão ampla da realidade. Num sistema universitário que cada vez mais se afasta das possibilidades financeiras reais da maioria da população, os cursos apostam na especialização e as grandes empresas já quase ditam os currículos obrigatórios para a conclusão dos ciclos de ensino universitário. Em todas as etapas deste percurso possível as pessoas vão saindo para a vida activa: aí, as opções vão cada vez mais ficando também padronizadas – contratos precários, contratos a curto prazo, recibos verdes. Com vínculos presos por fios e de valores continuamente decrescentes, as vidas dos trabalhadores são joguete nas mãos de empregadores – sendo o Estado um dos principais elementos a usufruir destas novas (renovadas) condições de trabalho, a par das grandes empresas nacionais e multinacionais. Os bancos arrecadam com os despojos – é-lhes permitido controlar as pessoas, cujos vencimentos não permitem a manutenção de uma vida independente e digna e que se vêm obrigadas a contrair empréstimos a estes usurários. A precariedade é a ferramenta básica para a manutenção deste ciclo vicioso, dividindo os trabalhadores em grupos de acordo com o seu estatuto contratual e procurando quebrar os laços de solidariedade que os unem. No negócio dos mass media que substituiu a imprensa, e onde a precariedade grassa, chamaram-lhe flexibilidade. Segundo fonte incontroversa (de acordo com os padrões vigentes nos tais media), a OCDE, 60% da população activa mundial labora em condições precárias. Considerando a fonte, será de esperar que a realidade esconda números obviamente superiores. Em Portugal, serão 2 milhões os trabalhadores precários. E o futuro de que nos informam diariamente promete muitos mais. A precariedade é o novo nome dado às condições que antes se chamaram de servidão, feudalismo e escravatura, e a marcha parece deslocar-se nesse mesmo sentido. Contra isto luta o MayDay. O desemprego é a derradeira justificação para a restauração dos sistemas de exploração contra os quais o mundo ocidental batalhou nos últimos 200 anos. Não obstante, a memória dos trabalhadores e trabalhadoras, velhos e novos, portugueses e imigrantes, não desapareceu. Pelo contrário, solidifica-se e cerram-se fileiras para retomar um caminho que já foi percorrido. O mundo encontra-se em retrocesso social. Anunciam-se graves convulsões pela defesa de um mundo de futuro, contra um regresso ao passado. O MayDay quer o Futuro, mas não um qualquer futuro. Por isso, o Precariado dá Luta!

A erosão do trabalho - Ricardo Antunes

"A RBEIT, LAVORO , travail, labour, trabajo." Não há nenhum canto do mundo que não esteja vendo o desmoronar do trabalho. A atividade que nasceu sob o signo da contradição foi, desde o primeiro momento, um ato vital, capaz de plasmar a própria produção e a reprodução da vida humana, de criar cada vez mais bens materiais e simbólicos socialmente vitais e necessários. Mas trouxe consigo, desde os primórdios, o fardo, a marca do sofrimento, o traço da servidão, os meandros da sujeição. Se o trabalho é um ato poiético, o momento da potência e a potência da criação, ele também encontra suas origens no "tripalium", instrumento de punição e tortura. Se, para Weber, o trabalho fora concebido como expressão de uma ética positiva em sintonia com o nascente mundo da mercadoria e o encanto dos negócios (negação do ócio), para Marx, ao contrário, o que principiara como uma atividade vital se converteu em um não valor gerador de outro valor, o de troca. Daí sua síntese cáustica: se pudessem, todos os trabalhadores fugiriam do trabalho como se foge de uma peste! E a sociedade da mercadoria do século 20 se consolidou como a sociedade do trabalho. Desde o início, no microcosmo familiar, fomos educados para o labor. O sem-trabalho era expressão de pária social. Mas a mesma sociedade que se moldou pela formatação do trabalho se esgotou. Ele se reduz a cada dia -e de modo avassalador. Enquanto a população mundial cresce, ele mingua. Complexifica-se, é verdade, em vários setores, como nas tecnologias da informação e em outras áreas de ponta, e resta exangue em tantos outros. Onde cresce avassaladoramente, como no telemarketing, produz um ser falante quase mudo, repetidor do trabalho prescrito, movido a pequenos "regalos" ao final de um dia extenuante, cujos minutos e segundos são contabilizados e controlados. Assim nos encontramos hoje: temos muito menos empregos para todos os que dele necessitam para sobreviver. Os que têm emprego trabalham muito, sob o sistema de "metas", "competências", "qualificações", "empregabilidades" etc. E, depois de cumprirem direitinho o receituário, vivem a cada dia o risco e a iminência do não trabalho. E isso não só nos estratos de base, onde estão os assalariados no chão da produção. Foi-se o dia em que os gestores, depois do corte, iam para suas casas com a garantia do trabalho preservado. Eles sabem que o corte deles se gesta enquanto eles laboram o talhe dos outros. Se vivêssemos em outro modo de produção e de vida, o tempo de trabalho poderia ser muito menor e mais afinado com o tempo de vida fora do trabalho, ambos dotados de sentido e fora dos constrangimentos do capital. Mas, ao contrário, esses tempos se complementam em outro diapasão, com a casa se tornando espaço de trabalho adicional, e o tempo de vida fora do trabalho se vê cada vez mais encolhido e reduzido à esfera do que fazer para não perder a guerra quando o labor recomeçar no dia seguinte. A resultante é áspera e se conta na casa dos bilhões: aqueles que têm emprego trabalham muito, muitos já não mais encontram trabalho e outros fazem qualquer trabalho para tentar sobreviver com o que sobra da arquitetura societal da destruição. Em plena crise estrutural e sistêmica do capital, da Ásia à América Latina, da Europa à África, há uma nota tristemente confluente: como os assalariados que só dispõem de seu labor poderão sobreviver neste mundo sem trabalho e sem salário? Dos EUA à China, de Portugal ao Canadá, da Inglaterra ao Japão, passando pelos tristes trópicos, novos recordes de desemprego são batidos todos os dias. Um incomensurável processo de corrosão e erosão se efetiva. Tal como foi desenvolvido ao longo do curto século 20, o trabalho tayloriano-fordista sofreu forte retração a partir dos anos 1970. Mas, com a intensificação desse quadro crítico, adentramos um novo ciclo de demolição do trabalho em escala global. As diversas formas de "empreendedorismo", "trabalho voluntário" e "trabalho atípico" oscilam frequentemente entre a intensificação do trabalho e sua autoexploração. Dormem sonhando com o novo "self-made man" e acordam com o pesadelo do desemprego. Empolgam-se pela falácia do empresário-de-si-mesmo, mas esbarram cada vez mais na ladeira da precarização. Em volume assustador, uma massa de homens e mulheres torna-se supérflua, esparramando-se pelo mundo em busca de um labor que já não mais existe. Este 1º de Maio nos leva, então, a indagar: qual trabalho queremos para este tenso século 21 que mal está começando? RICARDO LUIZ COLTRO ANTUNES, 56, é professor titular de sociologia do trabalho do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e autor, entre outros livros, de "Os Sentidos do Trabalho" e "Adeus ao Trabalho?".