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terça-feira, 16 de junho de 2009

QUANTO VALE OU É POR QUILO?

Lucila de Oliveira - Acadêmica do 1º Ano Pedagogia - UNICENTRO

Este trabalho tem por objetivo fazer uma análise sobre o filme de Sérgio Bianchi, “Quanto vale ou é por Quilo?”, também fazer uma breve reflexão sobre as contradições do nosso país.
Dado o limite deste texto, serão discutidas as relações existentes entre o filme de Bianchi e atual situação em que se encontra a sociedade.
O filme mostra diversas situações em que exclusões sociais e a miséria geram revoltas nas pessoas. Também percebemos que assim como no filme acontece em nossa sociedade: ONGS são apenas fachadas para arrecadação indevida de verba.O filme ainda faz analogia entre o comércio de escravos e a exploração na qual estamos inseridos. Faz um paralelo entre a vida no período da escravidão e a sociedade brasileira atual, enfatiza o comportamento e a decadência da moral, em relação às duas épocas.
Na verdade, o filme mostra situações cotidianas, vivenciadas lamentavelmente por todos. Essa comparação entre as diferentes temporalidades retrata que as circunstâncias e o individualismo continuam os mesmos, mudam apenas os personagens. O engraçado é que todos somos conhecedores dessas situações, sejam elas apenas representadas em um filme ou vida real.Qual será o motivo pelo qual ainda nos surpreendemos ao nos depararmos com tais episódios?Ignorância ou hipocrisia?
Há cenas no filme que retratam as conseqüências de uma sociedade desestruturada e também a causa: o capitalismo, que em muitas vezes é maquiado para parecer que trabalha e contribui com as necessidades da sociedade e, no entanto, seu objetivo não é outro senão o giro e o aumento do capital. No filme é possível identificar as partes oprimidas e também as partes opressoras, que não polpam esforços para fazer valer sua vontade. Também fica claro o que acontece àqueles que se opõem às forças da ordem: são reprimidos, ameaçados e, em alguns casos, assassinados.
O filme também mostra que o Positivismo, assim como as idéias e conceitos de Comte, ainda atuam fervorosamente em nosso meio, bem aqui na nossa sociedade.
Comte queria que a sociedade fosse organizada como uma máquina e que as pessoas obedecessem às leis gerais. Acreditava que a única realidade que existe é a humanidade e dentro dessa humanidade está o individuo. Parece que esse pensamento ainda povoa muitas mentes e adquiriu adeptos que lutam com “unhas e dentes” para por em prática esses ideais. A quem convém que as coisas continuem da forma que está e a quem interessa que a mudança ocorra?
Após analisar o conteúdo do filme “Quanto vale ou é por Quilo?” de Sérgio Bianchi, pude concluir que, ao contrário do que se pensa essa luta pode ser igualitária, desde que as partes interessadas reajam na mesma intensidade.
Qualquer semelhança entre o filme de Sérgio Bianchi, a atual sociedade e a época da escravidão não é mera coincidência. A única diferença é que, se juntassem um “dinheirinho”, os escravos poderiam comprar sua alforria. E hoje???

domingo, 7 de junho de 2009

TÚNEL DO TEMPO: TROPAS OCUPAM A USP, COMO NA DITADURA

Celso Lungaretti (*)

Termine como terminar a nova ocupação policial da Universidade de São Paulo, o grande perdedor, claro, é o governador José Serra, que começou sua trajetória política como presidente da União Nacional dos Estudantes e agora repete as práticas autoritárias do ministro da Educação da ditadura, Jarbas Passarinho.

Faz lembrar a propaganda contra armas que eu via nos ônibus quando criança: “hoje mocinho, amanhã bandido”.

Depois que o estado de direito foi restabelecido no Brasil, a atitude de tratar movimentos reivindicatórios e sociais como casos de polícia parecia estar destinada à lata de lixo da História, como parte da herança maldita do regime militar.

Foi estarrecedora a postura de Serra, ao permitir que as tropas ocupassem várias unidades de uma instituição universitária, como resposta a uma simples greve de funcionários!

Quanto à reitora, é a pessoal errada no lugar errado. Clama aos céus que não tem a mínima idéia do que seja um templo do saber e da decisão nefasta que tomou ao, com o aval de Serra, chamar a polícia para o campus.

Veio-me à lembrança a frase imortal de D. Paulo Evaristo Arns, diante da invasão da Pontifícia Universidade Católica pela PM: "'Na PUC só se entra prestando exame vestibular".

O resultado não se fez por esperar: agora os professores e os alunos também estão em greve, reagindo à truculência e à intimidação.

Serra é mais uma personalidade empenhada em incinerar seu currículo, talvez até como forma de se tornar palatável para os inimigos de ontem. Quer mostrar serviço para a direita, convencendo- a de que é capaz de servi-la fielmente, aplicando força desnecessária e criminalizando os movimentos dos quais outrora participou.

Vendeu a alma na esperança de chegar à Presidência da República. Tomara que nem essa contrapartida obtenha!

Talvez Serra até venha a seguir a exortação atribuída ao jornalista José Nêumanne Pinto, de que a polícia deveria mesmo é mandar bala nos baderneiros.

Se foi isso mesmo o que Nêumanne disse num telejornal matutino do SBT, é melhor ele abandonar de vez a profissão de jornalista, pois terá se tornado um estranho no ninho. Aliás, quem fala algo assim apartou-se da própria civilização.

Registro, finalmente, minha total e irrestrita solidariedade aos bravos professores, estudantes e funcionários da USP, que neste momento estão na linha de frente da resistência da sociedade brasileira às forças obscurantistas empenhadas em, pouco a pouco, irem reintroduzindo o autoritarismo em nosso cotidiano.

* Jornalista e escritor, mantém os blogues
http://naufrago- da-utopia. blogspot. com/
http://celsolungare tti-orebate. blogspot. com/

Ministério Público aponta graves irregularidades no contrato da revista Nova Escola com o governo de São Paulo

O Ministério Público de São Paulo propôs ação civil de responsabilidade por ato de improbidade administrativa contra o Presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Educação, a Diretora e o Supervisor de Projetos Especiais, ambos da FDE, bem como contra a Fundação Vitor Civita. A denúncia foi feita pelo mandato do deputado Ivan Valente, em conjunto com nossos deputados estaduais, em março deste ano. Além do cancelamento imediato do contrato, o MP pede que, caso as irregularidades sejam comprovadas e os atos praticados pelos agentes públicos julgados como improbidade administrativa, os réus da ação sejam condenados ao ressarcimento integral dos danos causados aos cofres públicos em função do contrato irregular; à perda da função pública; suspensão dos direitos políticos, de três a cinco anos; pagamento de multa e proibição de contratar com o poder público, por cinco anos.

Leia abaixo, matéria do Observatório da Educação sobre o assunto.

MP entra com ação civil contra FDE por caso Nova Escola


O Ministério Público de São Paulo propôs, em 26 de maio, ação civil de responsabilidade por ato de improbidade administrativa contra o Presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Educação, a Diretora e o Supervisor de Projetos Especiais, ambos da FDE, bem como contra a Fundação Vitor Civita.

A Ação, que tem como fundamento possíveis irregularidades no contrato firmado sem licitação entre a Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE) e a Fundação Victor Civita, requer a responsabilização dos agentes públicos por condutas que podem ser caracterizadas como improbidade administrativa.

Trata-se do desdobramento do Inquérito Civil Nº. 249/2009, que apura possíveis irregularidades na aquisição de 220 mil assinaturas da revista Nova Escola pela Secretaria de Estado da Educação de São Paulo. Em 1/10/2008, a Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE) do governo estadual firmou contrato com a Editora Abril no valor de R$ 3,74 milhões, para a compra. Não houve licitação.
A inexigibilidade da licitação foi justificada por “inviabilidade de competição”. Alega-se que o material adquirido possui especificidades e, por isso, não seria possível realizar a concorrência. Pela existência de outras publicações na área, e pela SEE não ter feito consulta ao professorado da rede, os deputados federal Ivan Valente (PSOL) e estaduais Carlos Giannazi (PSOL) e Raul Marcelo (PSOL) entraram com Representação no MPE questionando a legalidade da dispensa de licitação.

Número estratosférico
O Promotor Antonio Celso Campos de Oliveira Faria, designado para o caso, solicitou à FDE esclarecimentos dos motivos da contratação. Na ação civil, ele destaca o apontamento, pelo professorado, da existência de outras revistas que poderiam cumprir com a função pedagógica proposta pela Nova Escola. Diz ainda que “causa estranheza o próprio volume de assinaturas contratado, já que as revistas poderiam perfeitamente ser encaminhadas à biblioteca das escolas públicas ou sala de professores”.

Ele acrescenta que “em período anterior a este contrato, eram feitas 18.000 assinaturas e não o número estratosférico de 220.000”. O promotor afirma ser possível concluir que “houve a imposição de um único título aos professores da Rede Estadual de Ensino, beneficiando de forma inequívoca uma determinada instituição privada”, e afirma ainda que “os fatos são contundentes no sentido de que o Estado, através da FDE, gastou mal seus recursos, a partir de critérios pouco claros, realizando uma compra questionável do ponto de vista da pertinência e da necessidade, sem falar no aspecto jurídico principal que é o descumprimento da norma constitucional que exige a licitação para a compra de bens e serviços”.

Para suspender os efeitos do contrato, a ação propõe medida liminar, pela “necessidade de intervenção imediata para cessar imediatamente as práticas delituosas”. Caso as irregularidades sejam comprovadas e os atos praticados pelos agentes públicos julgados como improbidade administrativa, os réus da ação poderão ser condenados a (i) ressarcimento integral dos danos causados aos cofres públicos em função do contrato irregular; (ii) perda da função pública; (iii) suspensão dos direitos políticos, de três a cinco anos; (iv) pagamento de multa e (v) proibição de contratar com o poder público, por cinco anos.

Recentemente, o Observatório da Educação apurou, em reportagem sobre o caso, que a contratação de revistas e outros materiais sem licitação é prática recorrente do governo de São Paulo.

Fonte: www.paulohenriqueamorim.com.br

domingo, 31 de maio de 2009

Professores de SP aprovam greve para o dia 3 de junho

29/05/2009 - 17h03

Professores de SP aprovam greve para o dia 3 de junho
Ana Okada
Em São Paulo
Durante assembleia realizada nessa sexta-feira (29), os professores da rede estadual de São Paulo aprovaram greve para o dia 3 de junho. A reunião foi organizada pela Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo).

No mesmo dia será realizada audiência pública e assembleia da categoria na Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo), às 14h30, para a discussão dos projetos de Lei 19 e 20, que instituem novas regras para a contratação de professores e apresenta a criação de duas novas jornadas de trabalho. A categoria é contra a aprovação desses projetos e pede, dentre outras reivindicações, reajuste de 27,5% para a reposição de perdas ocorridas desde 1998.
Com bom humor, os docentes levaram fantasias e cartazes com referências aos recentes livros que foram destinados a alunos da 3ª série, que traziam conteúdo voltado a adolescentes. O secretário de educação do Estado, Paulo Renato Souza, afirmou que irá criar uma comissão de especialistas para avaliar cada obra. A manifestação teve também um boneco que ironizava o valor do vale alimentação dado aos docentes, chamado de "vale coxinha".
Segundo o sindicato, o protesto reuniu cerca de 5.000 docentes em frente à sede da Secretaria de Estado da Educação, localizada na Praça da República.

domingo, 24 de maio de 2009

Sete em cada dez professores têm baixa autoestima

Folha de São Paulo - Ribeirão - 24 de Maio de 2009

Num dos estudos de caso do grupo da USP de Ribeirão, os analisados foram os docentes. A professora de história Tatiana Thomaz fez pesquisa qualitativa com 50 professores da escola Dom Romeu Alberti, no Jardim José Sampaio Junior, que mostrou que 71% dos homens e 62% das mulheres disseram ter baixa autoestima.
Em algumas conversas, segundo o relatório, alguns disseram se achar a "escória da sociedade". Em outro relatório, sobre bullyng, Cláudia Regina Alves Bueno constatou que, de 77 estudantes entrevistados sobre a prática na Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Coronel Francisco Orlando, em Orlândia, 72,5% disseram ser vítimas da intimidação. De acordo com a pesquisa, 61% disseram sentir raiva ao serem xingados pelos colegas. Outros 15,5% afirmaram ter ficado tristes e outros 23,5%, indiferentes às agressões verbais.

USP aponta semelhança de escola com prisão em estudo

Folha de São Paulo - Ribeirão - 24 de Maio de 2009

Relatórios são de pesquisadores do Observatório da Violência do campus localNuma das escolas, a pesquisadora disse que a diretora negociava com alunos para que eles não depredassem a unidade
GEORGE ARAVANISDA FOLHA RIBEIRÃO Numa escola, a diretora tem de negociar com alunos para evitar depredações. Em outra, 72% dos estudantes dizem ser vítimas de bullyng. Em mais uma, 71% dos professores afirmam ter baixa autoestima.Os cenários constituem um retrato de escolas públicas da região feito pelo Observatório da Violência e Práticas Exemplares da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão.Entre 2007 e 2008, 30 pesquisadores associados ao Observatório, estudantes ou professores, analisaram e praticaram ações de intervenção nas unidades de ensino. Após a experiência, confeccionaram relatórios que serão reunidos num livro sobre violência nas escolas da região.Um dos casos, ocorrido na escola Professora Glete de Alcântara, no Parque Ribeirão Preto, na periferia da cidade, fez a pesquisadora Márcia Batista comparar o episódio a situações vividas em presídios.Quando iniciou o trabalho na escola, em 2007, a então diretora lhe disse que estava negociando com os alunos para amenizar as depredações constantes. Vidros, portas, cadeiras, tudo era quebrado com frequência pelos estudantes, que também furtavam a escola, segundo a diretora.""Estou indo de sala em sala para negociar com eles. Estou propondo que, se não quebrarem mais nenhum vidro, portas, banheiros, janelas, ou não levarem mais os fios de energia elétrica, cabos, torneiras, tomadas, lâmpadas e fusíveis, comprarei o aparelho de som que tanto querem ouvir no intervalo", relatou a então diretora, identificada apenas pelo primeiro nome, à pesquisadora do Observatório.As negociações tinham outras moedas de troca, de acordo com Batista. "Às vezes, ela oferecia fazer campeonatos, servir cachorro-quente em algum dia da semana." A pesquisadora disse ainda que a escola é como uma "panela de pressão". "Existe nervosismo crônico."O clima de tensão no ar pode ser a explicação para algumas depredações sem motivo, como uma relatada à Folha por uma funcionária, que pediu para não ser identificada. Segundo ela, anteontem um aluno quebrou o vidro do refeitório com um murro, sem motivos. A funcionária diz ter sido ameaçada de apanhar simplesmente por ter apontado para um estudante que jogava comida no teto.Alunos ouvidos dizem que as depredações são quase diárias. Para a dirigente de ensino Gertrudes Aparecida Ferreira, há "uma certa dose de exagero" (leia texto nesta página).A violência constante, no entanto, põe medo nas mães. A diarista Cláudia Santos, 36, tirou um filho de 11 anos e uma de 14 da escola este ano. O menino disse que já apanhou e que era ameaçado.O vereador e delegado Samuel Zanferdini (PMDB), que preside uma comissão sobre drogas nas escolas, disse que algumas mães até deixaram os filhos sem estudar, com medo de que fossem à Glete.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Ver site da ALANA

www.alana.org.br

ali se encontram materiais fantásticos com relação à criança e o consumismo infantil, entre outros.

Somos todos nós, mercadorias?

Alessandro de Melo

Criança, a alma do negócio (Brasil)

Gente
Este é um documentário imperdível, para compreendermos o consumismo e como a mídia trata a criança como o seu produto principal, meio para vender suas mercadorias.
Vejam!
Alessandro de Melo
Por que meu filho sempre me pede um brinquedo novo? Por que minha filha quer mais uma boneca se ela já tem uma caixa cheia de bonecas? Por que meu filho acha que precisa de mais um tênis? Por que eu comprei maquiagem para minha filha se ela só tem cinco anos? Por que meu filho sofre tanto se ele não tem o último modelo de um celular? Por que eu não consigo dizer não? Ele pede, eu compro e mesmo assim meu filho sempre quer mai. De onde vem este desejo constante de consumo?Este documentário reflete sobre estas questões e mostra como no Brasil a criança se tornou a alma do negócio para a publicidade. A indústria descobriu que é mais fácil convencer uma criança do que umn adulto, então, as crianças são bombardeadas por propagandas que estimulam o consumo e que falama diretamente com elas. O resultado disso é devastador: crianças que, aos cinco anos, já vão à escola totalmente maquiadas e deixaram de brincar de correr por causa de seus saltos altos; que sabem as marcas de todos os celulares mas não sabem o que é uma minhoca; que reconhecem as marcas de todos os salgadinhos mas não sabem os nomes de frutas e legumas. Num jogo desigual e desumano, os anunciantes ficam com o lucro enquanto as crianças arcam com o prejuízo de sua infância encurtada. Contundente, ousado e real este documentário escancara a perplexidade deste cenário, convidando você a refletir sobre seu papel dentro dele e sobre o futuro da infância.Direção Estela RennerProdução Executiva Marcos NistiMaria Farinha Produções
O documentário "Criança, a alma do negócio" está disponível nos links abaixo:
DVD original 2.6gb - documentário em formato iso para ser copiado em DVD.
AVI 700mb - documentário em formato avi para ser visto no computador (resolução 720x480).
MP4 196mb - documentário em formato mp4 compatível com iPod e computador (resolução 320x240) .
AVI 46mb - trailer do documentário em formato avi para ser visto no computador (resolução 320x240 )
MOBILES -
URL para acesso:http://www.alana.org.br/doc.3gp
http://www.alana.org.br/doc.mp4
Diretor: Estela RennerAno: 2008

domingo, 3 de maio de 2009

Um 1º de Maio contra a Precariedade do Trabalho

por João Camargo

O movimento internacional MayDay iniciou-se em Milão, no ano de 2001. Reune trabalhadores em condição precárias, fenómeno que se alastra devido à onda neoliberal que por todo o mundo se desencadeou sobre o Trabalho, A força da juventude desempregada e precária serviu de ignição para a disseminação deste tipo de organização. Esta une gente de todo tipo, idade e formação. Age através de assembleias públicas, onde é dada voz a todos os presentes — num processo decisório trabalhoso mas consensual. Actualmente o movimento MayDay está presente em Lisboa, Porto, Aachen, Berlim, Bremen, Copenhaga, Den Bosch, Genebra, Gent, Gornja Radgona, Hamburgo, Hanau, Helsínquia, Liége, Ljubljana, Madrid, Málaga, Maribor, Milão, Nápoles, Palermo, Terrassa, Tóquio, Tubingen, Viena e Zurique. Em Lisboa as manifestações do MayDay incluíram a invasão de um centro de emprego, o encerramento de empresas de trabalho temporário na área metropolitana e acções teatrais no centro da cidade. Além disso, este ano – pela terceira vez – o MayDay irá participar da manifestação da CGTP do 1º de Maio. No Porto, o ano de 2009 assinalará pela primeira vez a presença do MayDay nas manifestações do 1º de Maio. Em Coimbra e em Évora já houve acções relacionadas com a precariedade que se associaram ao nome Mayday. Entretanto, neste 1º de Maio não estão previstas manifestações organizadas. Dentre as "soluções" capitalistas para a crise, a precariedade tornou-se uma das mais importantes. Ela passou a ser uma arma do patronato contra os trabalhadores com contratos firmes. As ameaças são diárias. A torto e a direito a comunicação social faz bandeira da "flexibilidade" que, segundo ela, aumentaria a "competitividade". O jogo é histórico: atirar uns contra os outros na base, fazer despontar preconceitos e ideias forjadas, em favor de uma minoria que é cada vez mais parasítica e pretende re-estratificar solidamente as sociedades de todo o mundo. O CASO DOS CALL-CENTERS Os call-centers são muito representativos desta jovem precariedade, rejuvenescida, mascarada e imposta a toda uma geração. Nestes, o homem-ferramenta é a chave para a manutenção da riqueza nas mãos dos mesmos de sempre. Assim, há que precarizá-lo, no trabalho como na vida, retirar-lhe as alternativas e privá-lo da sua dignidade, sentimento inútil no mundo de capital. Nos dias de hoje, a especialização começa desde cedo. A triagem inicia-se na infância – são vedadas as oportunidades, marginalizadas comunidades, regiões e grupos de pessoas incómodas para o sistema. A padronização implica a escolha do futuro aos 15 anos, a privação de conhecimentos generalistas e de uma visão ampla da realidade. Num sistema universitário que cada vez mais se afasta das possibilidades financeiras reais da maioria da população, os cursos apostam na especialização e as grandes empresas já quase ditam os currículos obrigatórios para a conclusão dos ciclos de ensino universitário. Em todas as etapas deste percurso possível as pessoas vão saindo para a vida activa: aí, as opções vão cada vez mais ficando também padronizadas – contratos precários, contratos a curto prazo, recibos verdes. Com vínculos presos por fios e de valores continuamente decrescentes, as vidas dos trabalhadores são joguete nas mãos de empregadores – sendo o Estado um dos principais elementos a usufruir destas novas (renovadas) condições de trabalho, a par das grandes empresas nacionais e multinacionais. Os bancos arrecadam com os despojos – é-lhes permitido controlar as pessoas, cujos vencimentos não permitem a manutenção de uma vida independente e digna e que se vêm obrigadas a contrair empréstimos a estes usurários. A precariedade é a ferramenta básica para a manutenção deste ciclo vicioso, dividindo os trabalhadores em grupos de acordo com o seu estatuto contratual e procurando quebrar os laços de solidariedade que os unem. No negócio dos mass media que substituiu a imprensa, e onde a precariedade grassa, chamaram-lhe flexibilidade. Segundo fonte incontroversa (de acordo com os padrões vigentes nos tais media), a OCDE, 60% da população activa mundial labora em condições precárias. Considerando a fonte, será de esperar que a realidade esconda números obviamente superiores. Em Portugal, serão 2 milhões os trabalhadores precários. E o futuro de que nos informam diariamente promete muitos mais. A precariedade é o novo nome dado às condições que antes se chamaram de servidão, feudalismo e escravatura, e a marcha parece deslocar-se nesse mesmo sentido. Contra isto luta o MayDay. O desemprego é a derradeira justificação para a restauração dos sistemas de exploração contra os quais o mundo ocidental batalhou nos últimos 200 anos. Não obstante, a memória dos trabalhadores e trabalhadoras, velhos e novos, portugueses e imigrantes, não desapareceu. Pelo contrário, solidifica-se e cerram-se fileiras para retomar um caminho que já foi percorrido. O mundo encontra-se em retrocesso social. Anunciam-se graves convulsões pela defesa de um mundo de futuro, contra um regresso ao passado. O MayDay quer o Futuro, mas não um qualquer futuro. Por isso, o Precariado dá Luta!

A erosão do trabalho - Ricardo Antunes

"A RBEIT, LAVORO , travail, labour, trabajo." Não há nenhum canto do mundo que não esteja vendo o desmoronar do trabalho. A atividade que nasceu sob o signo da contradição foi, desde o primeiro momento, um ato vital, capaz de plasmar a própria produção e a reprodução da vida humana, de criar cada vez mais bens materiais e simbólicos socialmente vitais e necessários. Mas trouxe consigo, desde os primórdios, o fardo, a marca do sofrimento, o traço da servidão, os meandros da sujeição. Se o trabalho é um ato poiético, o momento da potência e a potência da criação, ele também encontra suas origens no "tripalium", instrumento de punição e tortura. Se, para Weber, o trabalho fora concebido como expressão de uma ética positiva em sintonia com o nascente mundo da mercadoria e o encanto dos negócios (negação do ócio), para Marx, ao contrário, o que principiara como uma atividade vital se converteu em um não valor gerador de outro valor, o de troca. Daí sua síntese cáustica: se pudessem, todos os trabalhadores fugiriam do trabalho como se foge de uma peste! E a sociedade da mercadoria do século 20 se consolidou como a sociedade do trabalho. Desde o início, no microcosmo familiar, fomos educados para o labor. O sem-trabalho era expressão de pária social. Mas a mesma sociedade que se moldou pela formatação do trabalho se esgotou. Ele se reduz a cada dia -e de modo avassalador. Enquanto a população mundial cresce, ele mingua. Complexifica-se, é verdade, em vários setores, como nas tecnologias da informação e em outras áreas de ponta, e resta exangue em tantos outros. Onde cresce avassaladoramente, como no telemarketing, produz um ser falante quase mudo, repetidor do trabalho prescrito, movido a pequenos "regalos" ao final de um dia extenuante, cujos minutos e segundos são contabilizados e controlados. Assim nos encontramos hoje: temos muito menos empregos para todos os que dele necessitam para sobreviver. Os que têm emprego trabalham muito, sob o sistema de "metas", "competências", "qualificações", "empregabilidades" etc. E, depois de cumprirem direitinho o receituário, vivem a cada dia o risco e a iminência do não trabalho. E isso não só nos estratos de base, onde estão os assalariados no chão da produção. Foi-se o dia em que os gestores, depois do corte, iam para suas casas com a garantia do trabalho preservado. Eles sabem que o corte deles se gesta enquanto eles laboram o talhe dos outros. Se vivêssemos em outro modo de produção e de vida, o tempo de trabalho poderia ser muito menor e mais afinado com o tempo de vida fora do trabalho, ambos dotados de sentido e fora dos constrangimentos do capital. Mas, ao contrário, esses tempos se complementam em outro diapasão, com a casa se tornando espaço de trabalho adicional, e o tempo de vida fora do trabalho se vê cada vez mais encolhido e reduzido à esfera do que fazer para não perder a guerra quando o labor recomeçar no dia seguinte. A resultante é áspera e se conta na casa dos bilhões: aqueles que têm emprego trabalham muito, muitos já não mais encontram trabalho e outros fazem qualquer trabalho para tentar sobreviver com o que sobra da arquitetura societal da destruição. Em plena crise estrutural e sistêmica do capital, da Ásia à América Latina, da Europa à África, há uma nota tristemente confluente: como os assalariados que só dispõem de seu labor poderão sobreviver neste mundo sem trabalho e sem salário? Dos EUA à China, de Portugal ao Canadá, da Inglaterra ao Japão, passando pelos tristes trópicos, novos recordes de desemprego são batidos todos os dias. Um incomensurável processo de corrosão e erosão se efetiva. Tal como foi desenvolvido ao longo do curto século 20, o trabalho tayloriano-fordista sofreu forte retração a partir dos anos 1970. Mas, com a intensificação desse quadro crítico, adentramos um novo ciclo de demolição do trabalho em escala global. As diversas formas de "empreendedorismo", "trabalho voluntário" e "trabalho atípico" oscilam frequentemente entre a intensificação do trabalho e sua autoexploração. Dormem sonhando com o novo "self-made man" e acordam com o pesadelo do desemprego. Empolgam-se pela falácia do empresário-de-si-mesmo, mas esbarram cada vez mais na ladeira da precarização. Em volume assustador, uma massa de homens e mulheres torna-se supérflua, esparramando-se pelo mundo em busca de um labor que já não mais existe. Este 1º de Maio nos leva, então, a indagar: qual trabalho queremos para este tenso século 21 que mal está começando? RICARDO LUIZ COLTRO ANTUNES, 56, é professor titular de sociologia do trabalho do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e autor, entre outros livros, de "Os Sentidos do Trabalho" e "Adeus ao Trabalho?".

domingo, 26 de abril de 2009

Empregabilidade e pedagogias do "aprender a aprender"

Neste domingo, o Emílio Odebrecht falou o que os pedagogos comprometidos com o capital, conscientes ou não, falam aos seus alunos nas universidades.
Vivemos num mundo em que cada um deve cuidar de si, e que o sistema impere, sempre!!! É triste, mas na boca do Odebrecht não poderíamos esperar outra coisa, mas quando vemos professores repetindo isso aos alunos, é TRISTE!!!

Alessandro de Melo


Folha de São Paulo

São Paulo, domingo, 26 de abril de 2009

EMÍLIO ODEBRECHT

O compromisso de cada um

NO PASSADO, era normal que trabalhadores e executivos deixassem às empresas o planejamento e a gestão de suas carreiras. Trabalhavam muito, atualizavam-se pouco e quase não pensavam em mudanças. Alguns ficavam décadas na mesma função.Raros eram os que adquiriam novas competências, ainda mais por conta própria. No máximo, reciclavam as antigas. A realidade mudou. Autodesenvolvimento passou a ser a chave do êxito para os profissionais no mundo de hoje, porque o propósito do aprimoramento constante deve ser uma responsabilidade do indivíduo para consigo, não da empresa para com ele.O mundo do trabalho agora exige de quem nele se insere que tome as rédeas de seu próprio destino.Quem investe em si mesmo demonstra estar comprometido com sua realização profissional -pela busca do domínio pleno naquilo em que se especializou-, com sua realização econômica -pelo compartilhamento dos resultados que ajuda a empresa a gerar- e com sua realização emocional, como um corolário do que almeja conquistar na vida.Mas, para isso, é indispensável que principalmente o trabalhador jovem se imponha o desafio de aprender a aprender, o que significa ter a capacidade de interpretar a realidade a partir das referências a seu alcance, formular novos conceitos e levá-los à prática.Uma condição para o aprimoramento das pessoas é esta aptidão, que chamo de pensar conceitualmente. Outra condição é a capacidade de autoavaliar-se e identificar com espírito crítico carências e motivações.Ocorre que, se a prática da autoeducação é o fermento que promove a ascensão do indivíduo, nem sempre isso é uma tarefa fácil.Em algumas circunstâncias, os resultados somente serão alcançados se a predisposição de quem deseja aprender encontrar respaldo em um líder-educador que, ao perceber o potencial e o desejo de crescimento do liderado, tem a coragem de lhe atribuir responsabilidades que se mostram acima das qualificações que demonstra no momento. O efeito imediato desse gesto é a busca do conhecimento e das competências exigidas para a superação dos novos desafio.Meu pai, Norberto Odebrecht, até hoje lembra com gratidão de um pastor luterano, de nome Arnold, que lhe ensinou a ler e, sobretudo, a entender o mundo. Era um preceptor.No âmbito das organizações empresariais, o líder-educador exerce esse papel. A partir de sua autoeducação, pratica a pedagogia da presença, oferecendo tempo, presença, experiência e exemplos àqueles que têm no autodesenvolvimento um compromisso com o próprio futuro.
EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta coluna.

domingo, 19 de abril de 2009

PENSAMENTO CONSERVADOR ESTÁ VIVO

Vejam o pequeno artigo de um dos maiores burgueses do país, da família ODEBRECHT. Percebam como o pensamento funcionalista-positivista ainda está vivo.
Saudações a todos.

Alessandro de Melo

EMÍLIO ODEBRECHT

A moral e o civismo

QUANDO ALGUMAS palavras começam a sofrer desgaste pelo uso, é bom que se consultem os dicionários. As palavras acima, por exemplo.Moral significa, entre outras coisas, bons costumes, boa conduta, segundo preceitos coletivamente estabelecidos. Já civismo é a fidelidade ao interesse público e também é sinônimo de patriotismo.Isso me ocorreu ao refletir sobre o papel da escola -complementar à responsabilidade da família- na educação para valores de nossas crianças e adolescentes.No passado, a educação moral e cívica era obrigatória no currículo escolar brasileiro. Foi adotada por decreto a partir de 1969 e excluída no fim do período militar.É compreensível. A disciplina era identificada com alguns dos piores aspectos do regime, vista como algo imposto à sociedade civil, um programa de exaltação ufanista do país que ignorava nossas mazelas e um entrave à liberdade de crítica no meio estudantil.Temo, porém, que, ao simplesmente eliminarmos o ensino de moral e civismo quando da redemocratização, em vez de reformulá-lo para os novos tempos que surgiam, tenhamos incorrido no erro clássico de jogar fora a criança junto com a água de seu banho.A reinserção desses conteúdos no currículo atual de nossas escolas passa, obviamente, pela negação e pelo esquecimento das distorções do passado, porque nosso olhar deve estar posto no futuro.O que é inquestionável é a obrigação da escola quanto ao tratamento de temas essenciais à vida do jovem, como senso de comunidade, espírito de cidadania, a ideia de que existem limites ao comportamento e de que o convívio em sociedade só é possível quando se respeita o outro, bem como as leis que regem tal convívio.Nossos professores precisam transmitir mais que a mera instrução: junto com as famílias, devem ensinar aos alunos valores que os embasem na construção de suas próprias visões de mundo.Um dos males que afetam os adolescentes de hoje é o relativismo exacerbado com que veem tudo. O ensino de moral e civismo nas escolas viria combater isso, ao informar que existem sim verdades sólidas, como a relevância da ação construtiva voltada para o bem comum e o amor à pátria, ainda que este não implique a negação da existência de problemas no Brasil.Sem ignorar a responsabilidade que cada um tem por aquilo que é e faz, penso sim que a volta de uma disciplina que estimule o debate de temas como ética e vida em sociedade pode melhorar o caráter de nossos jovens e, por consequência, o dos adultos que eles um dia serão.
EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta coluna.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Sejam Bem Vindos

Olá pessoal
Neste ano de 2009 estamos iniciando um projeto bem interessante denominado "Observatório Sociológico da Educação". Com ele pretendemos mapear, nos principais veículos da imprensa (escrita e na internet), as notícias, artigos e outros temas referentes à Educação Básica.
Serão postados aqui, com a autorização dos estudantes, os textos produzidos nos Relatórios Mensais do Projeto, o que poderá ajudar todos os que se interessam pelo tema a se atualizar e realizar uma reflexão crítica sobre a educação brasileira.
Com isso pretendemos auxiliar na construção de Pedagogos comprometidos com a educação, e competentes para perceber as muitas determinações desta na sociedade.